As perspectivas para a economia brasileira, para este ano, não são boas. A inflação segue pressionada, devendo ficar longe do centro da meta (3,5%) e acima do teto (5,0%), obrigando o Banco Central a subir os juros para níveis não vistos desde 2015, se situando entre 12,5% e 13% a.a., no final do ano.
Os juros elevados impactam, no curto prazo, as cotações do Real. Com o custo de carregamento alto, o fluxo cambial fica positivo, fazendo com que a moeda se valorize. No momento em que escrevia este artigo, o Dólar era cotado a R$ 5,20, o menor valor desde setembro de 2021. Essa tendência deve se reverter quando o FED, o Banco Central dos Estados Unidos, iniciar seu processo de aperto monetário, previsto para o mês de março. Nesse sentido, temos mais uma característica para o ano, além de inflação e juros, que será a volatilidade, ou seja, incertezas.
O impacto das premissas acima, na economia, se traduz em uma atividade fraca. A nossa expectativa é de que o PIB de 2022 seja muito próximo de zero. A contribuição positiva esperada fica por conta do agronegócio e de serviços, com os setores de indústria e construção civil apresentando retração. Lembramos que os problemas nas várias cadeias produtivas continuam com falta de insumos, partes e peças, afetando, principalmente, o setor industrial.
E no meio do caminho temos uma eleição…
Além dos pontos citados, o setor automotivo, em especial os segmentos de automóveis e comerciais leves, terão seu desempenho afetado por dois fatores: a queda da renda real da população e o crédito. Com a taxa de juros no maior patamar em cinco anos, um endividamento das famílias recorde, em 17 anos, e aumento de inadimplência, os bancos diminuem a oferta e aumentam o seu “spread” de risco. A consequência nas vendas desses segmentos será imediata.
O impacto também ocorre no mercado de motocicletas, cujo desempenho negativo pode ser amenizado em função das compras via consórcio e da substituição dos automóveis pelos modelos de duas rodas.
O agronegócio segue ajudando nas vendas de caminhões, implementos rodoviários e máquinas agrícolas. E, no segmento de ônibus, o retorno do programa “Caminho da Escola” deve contribuir para números positivos em emplacamentos.
Por Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, sócia da MB Associados